Os benefícios do Jiu-Jitsu para o corpo e a mente
Atualizado: 6 de dez. de 2021
A Asped, em parceria com o professor Fernando, oferece aulas de Jiu-jitsu e ajuda a transformar a vida de pessoas de diversas idades, que aprendem a lidar com as pressões do dia-a-dia dentro e fora do tatame

O jiu-jitsu é uma luta milenar que tem sua origem no Japão. Ela surgiu a partir da estratégia dos samurais poderem lutar com seus oponentes sem arma alguma. Assim, o próprio corpo é usado como uma alavanca para derrubar e neutralizar o oponente, através de quedas, torções, pressão e golpes.

No Brasil, o jiu-jitsu é um esporte bastante famoso, e mundialmente está prestes a se tornar um esporte olímpico.
Apesar disso, as competições não foram o que motivou o Professor Fernando Saraiva a iniciar as aulas de jiu-jitsu em parceria com a Asped.
Segundo a Assistente Social da associação, Cáritas Mendonça, o Professor Fernando é um membro voluntário e esse projeto nasceu do próprio coração dele, o qual não ensina o esporte apenas como uma luta, mas como uma forma de educar, orientar e disciplinar seus alunos.
Outro objetivo é retirar crianças e adolescentes da situação de vulnerabilidade social. Para tanto, são realizadas visitas aos alunos, para acompanhamento da frequência à escola e observação das suas condições físicas e emocionais, na busca de suprir suas necessidades e dar o suporte social que eles precisam, além das aulas do esporte.
Os benefícios na vida dos pequenos praticantes do Jiu-jitsu
A turma de alunos que vai dos 6 aos 12 anos tem praticado o esporte com bastante dedicação.
O professor Fernando explica que ao iniciar a aula, todos se alinham e vem o start do treino que é o OSS, a forma com que os alunos cumprimentam o professor e seus companheiros de tatame.
O OSS tem vários significados, sendo um deles “prazer está junto”. Ele pode ser utilizado também como um incentivo a uma pessoa, no lugar de palavras como “tenha garra”, “tenha perseverança”, “dê o seu melhor”, etc.
Na segunda parte do treino é realizado o aquecimento com alguns exercícios de resistência e força. Em seguida o professor ensina uma posição ou golpe através da explicação e demonstração e por fim, o treino é finalizado com alguns combates. E como não poderia deixar de ser, a aula termina com o cumprimento OSS entre todos.
Observe nas fotos a sequência do treino da turma Kids.
“O Rafael e a Laura vieram desde o início, quando abriu a turma Kids. Eu percebo que eles estão mais disciplinados, eles gastam mais energia, estão bem mais obedientes. São outras crianças, muito melhores do que eram antes. Na escola, a professora mencionou que eles estão menos agitados. Estão uma gracinha, gostam demais. Eu tenho mais dificuldade com o Rafael, em relação à alimentação, mas depois do Jiu-jitsu, ele está alimentando muito melhor, porque o corpo pede mais e porque o Fernando falou pra eles, que se não comerem não farão a aula", comentou Thatiane, mãe de Rafael e Laura (4 e 6 anos, respectivamente), alunos do professor Fernando.
Os pequenos Rafael e Laura que, no seu jeito infantil de falar, chamam a arte de “jiu-jistu”, reclamam com a mãe quando estão atrasados, afinal não querem perder nem um minuto da aula, que aguardam ansiosamente. Segundo Thatiane, eles também se dedicam a treinar em casa e curtem “finalizar” um ao outro.
Veja abaixo, Rafael e Laura finalizando um ao outro com a chave de braço, sob a orientação e o cuidado atento do profº Fernando.
As finalizações são o objetivo principal do Jiu-jitsu. Este objetivo consiste em fazer o oponente desistir da luta através dos famosos três tapinhas. Mas, antes que isso aconteça numa luta, são realizadas pegadas, encaixes, montadas e outros golpes que visam a imobilização do adversário fazendo com que ele desista do combate, como determina a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu.
Outro pai que já pôde sentir os benefícios do Jiu-jitsu através das mudanças que ocorreram na vida de seus filhos foi Lucas. Em seu depoimento ele ressalta como o Jiu-jitsu, tem sido um aliado no desenvolvimento de seus filhos, tanto em relação à disciplina e autocontrole como na obediência.
“Eu trouxe o Isac e o Pedro para fazerem a aula porque é um exercício muito bom e nós tivemos uma boa referência do professor, nós gostamos muito da aula dele, ele é muito atencioso. As crianças gostam demais. Quando não podemos trazer eles pra aula, ficam cobrando. Inclusive eu já percebi uma mudança no fator disciplinador. A gente acaba lembrando as instruções que o professor passa pra eles - olha meu filho, lembra o que o professor falou que quem pratica um esporte não luta, não briga – na verdade é uma prática de um esporte e eles têm aprendido a conciliar isso até mesmo para evitar conflitos entre eles em casa. Então dá pra gente aproveitar o que eles aprendem aqui e reforçar isso com eles, tem sido bom. Eles estão aprendendo a ser disciplinados, a gente vai percebendo que eles estão ficando mais obedientes”, disse Lucas.
Abaixo, veja Pedro, de roupa azul escuro, carregando seu amigo nas costas e, seu irmão Isac aplicando uma chave de braço em seu adversário.

O Jiu-Jitsu como um aliado no desenvolvimento integral
De acordo com o site Meu Kimono, o termo “Arte Suave” tem acompanhado o nome Jiu-Jitsu desde sempre. Esse adjetivo resulta da sua origem japonesa onde a sua escrita original, em japonês, é a junção das sílabas “Ji” e “Yu”, que formam o “jū”, e o termo “jutsu”. Assim, chegamos ao jū jutsu, onde “jū” significa “suavidade”, “brandura” e “flexibilidade”, e “jutsu” significa “arte”, “técnica”.
Apesar de ser uma arte marcial que alia a flexibilidade de seus praticantes e a suavidade de seus golpes, o Jiu-jitsu não pega leve com os alunos, que devem abraçar uma filosofia de vida disciplinada dentro e fora do tatame.


Segundo Viviane Araújo, seu filho Breno, que é um dos alunos da turma Kids, fez uma aula experimental e gostou muito. Desde então, começou a praticar e não perdeu nenhuma aula. Ela disse que colocou seu filho no Jiu-jitsu para que ele tenha uma vida menos sedentária e mais saudável, ficando menos tempo nas telas da televisão e do celular.
Assim como Breno, hoje em dia há muitas crianças e adolescentes sedentários, que passam horas diante dos aparelhos eletrônicos e que necessitam de uma atividade física para se desenvolverem de forma saudável. Muitas vezes, conseguir praticar exercícios é um desafio. Porém, nunca é tarde para começar.

Veja o caso da Antonia que é aluna da turma Master, atualmente com 49 anos. Sua decisão por praticar o Jiu-jitsu surgiu de uma necessidade de se desafiar.
“Eu queria desafiar algumas coisas em mim e a luta ia me ajudar a não ter vergonha e me relacionar melhor, porque eu tenho vergonha de tudo e essa mania de perfeição, errar as coisas na frente dos outros era horrível. Então a luta me ajudou muito nesse sentido. Hoje eu sei que eu consigo, coisas que eu nem imaginava, e que eu sou imperfeita igual a todo mundo e tá tudo bem errar. Fisicamente eu melhorei ainda mais a minha força, pois eu já faço musculação, até estudei um pouco antes pra ver que ajuda demais na força, e eu senti isso, que minha musculatura mudou significativamente. Também melhora as emoções e o sono. Às vezes a gente está estressado, cansado, irritado com alguma coisa, e a luta é um trem que faz a gente botar pra fora as emoções, sem machucar alguém de fato. Eu estou numa fase de sono muito leve, mas como na luta tem um gasto energético muito grande, o desestressar ajuda muito a relaxar bem mais”, contou Antonia.
Falando em emoções, muitas crianças e adolescentes trazem anseios, medos e até traumas consigo, fazendo com que sejam irritadiços, nervosos, desobedientes e brigões.
Essa maneira de agir reflete na família e na escola. Assim, o treino cheio de pressão e desafios, além das palavras motivadores e inspiração do professor e outros alunos mais velhos, fazem com que haja uma mudança, a partir de uma maneira diferente de encarar a vida, possibilitando aos alunos mais novos controlarem suas emoções e desenvolverem suas habilidades fazendo com sejam vencedores de seus desafios na vida.
Segundo o professor Fernando, o Jiu-jitsu é uma das artes marciais mais eficientes que existem, que trabalha a defesa pessoal, o físico, e além da disciplina, ajuda a pessoa a ter coragem e a ser forte em situações difíceis. Assim como o aluno enfrenta as pressões dentro do tatame e aprende a superá-las, ele também passa a enfrentar melhor as dificuldades e pressões da vida.

O autocontrole é um ganho importante para quem pratica Jiu-jitsu pois, além de ajudar significativamente nos relacionamentos, também auxilia no desempenho de atividades profissionais e acadêmicas.
O Luíz Otávio, da turma Master expressa sua satisfação com os resultados que tem tido depois que começou a praticar Jiu-jitsu. Ele acha as aulas legais, pois pratica os exercícios e já conhece golpes como arm lock, chave de braço e mata leão.
Seu interesse, à princípio era aprender defesa pessoal, mas já percebeu que, além da perda de peso, ganhou paciência, se tornando menos estressado. Seus pais já perceberam a mudança positiva, que também foi sentida no comportamento na escola.
Veja um pouco do treinamento da turma Master.

O Jiu-jitsu pode ser a “virada”
Além do desenvolvimento físico, mental e emocional, o Jiu-jitsu pode trazer benefícios que vão muito além do que se espera. O professor Fernando imaginaria que um dia iria treinar crianças, adolescentes, jovens e adultos em um projeto social?
Ele começou a treinar aos 25 anos, numa fase difícil de sua vida, em que se encontrava sem rumo e quase depressivo. Ele desejava algo para se desafiar. Assim, quando conheceu o Jiu-jitsu logo se apaixonou.

“Quando comecei a praticar Jiu-Jitsu eu me apaixonei à “primeira pegada”. Como é uma arte de contato físico, isso me ajudou a olhar minha tristeza com bons olhos e ver que aquele não era meu fim, mas sim meu começo. O Jiu-jitsu me deu força para sair desse caminho ruim, voltar para Cristo, para minha essência, meu chamado. Estou aí firme e forte e quero levar isso para a vida das pessoas, pois como me ensinou a sair de um estado praticamente depressivo, pra mim, ajudar outra pessoa é um ganho para o Reino. Se eu conseguir motivar uma pessoa, já ganhei minha recompensa, porque uma alma vale mais que o mundo inteiro. Eu amo o que eu faço. Estou aqui para servir”, contou Fernando.

Manuel que já treina há alguns anos com o professor Fernando, hoje está no projeto social treinando com a turma Master e auxiliando nos ensinamentos da turma Kids.
“O Jiu-jitsu não é só uma arte marcial, ele ensina disciplina para ter em casa, na escola e na rua. Acaba ensinando uma defesa pessoal também pra pessoa se defender, não para a pessoa chegar lá e brigar, não. Ensina a evitar brigas. Ai eu continuei treinando com ele com a turma dos maiores, da mesma forma, tentando ajudar, ensinar os meninos, porque, querendo ou não a gente tem um pouco mais de experiência, então o que a gente aprende lá fora, a gente tenta trazer aqui pra ensinar todo mundo, como se comportar, como agir. Pra mim é um prazer poder ensinar um pouco do que eu sei para outras pessoas”, explica Manuel.

Você também quer ser um jiu-jiteiro?
Ser um jiu-jiteiro não está relacionado apenas ao fato de treinar, mas em ter uma filosofia de vida em que os ensinamentos aprendidos no Jiu-jitsu estejam sempre sendo praticados.
Esse é o objetivo principal da Asped e do professor Fernando, ver crianças e adolescentes, jovens e adultos com suas vidas transformadas através da arte marcial - o Jiu-jitsu.
Se você ainda tem dúvidas, leia os depoimentos abaixo. Eles poderão te ajudar a decidir trazer seus filhos ou fazer parte desse lindo projeto social como aluno. Mas, se fazer parte da turma que treina pesado não é a sua pegada, você pode conhecer a Asped e descobrir como apoiar e ajudar a mudar a vida de crianças em situação de vulnerabilidade.
“Eu tinha muita resistência com relação ao esporte, eu não luto por medo de machucar. Por outro lado, minha esposa é karateca, ela viveu dentro do esporte até os 14 anos, disputou competição e ela gosta, mas eu tinha muita resistência. Até o dia que falou que ia ter eu pensei: - Será? Será que eu tenho coragem de deixar meu filho? Aí fica toda aquela questão de pai, daquele protecionismo, aquela coisa toda, mas depois que você vê acontecer e as crianças gostam, você vê como que é levado a sério, você ganha confiança. Então, pra quem tem, às vezes, o receio de deixar os filhos fazerem o esporte, na verdade é justamente contrário, você está treinando ele tanto fisicamente, mentalmente, emocionalmente. Então, tem vários aspectos, existe um desenvolvimento muito bacana”, disse Lucas, pai do Isac e do Pedro.
“Para mulheres da minha idade, eu digo que você tem que tentar e tem que se desafiar, porque ninguém mais que eu, inclusive essa semana eu fiz uma postagem falando que ninguém ia imaginar eu lutando alguma coisa, porque eu nem gostava de contato pessoal e isso foi tão importante pra minha vida de um modo geral, porque a gente melhora tudo, melhora tudo! Então, não tenha vergonha e se desafie! Eu acho que nós estamos numa fase da vida que não tem mais que ficar pensando, a gente tem que arriscar”. Antonia M. Souza

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