Sabia que a brincadeira para a criança equivale ao trabalho para o adulto?
Atualizado: 30 de set. de 2021
Ao contrário do que muitos pensam, brincar é coisa séria e fundamental para o
desenvolvimento da criança

De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) em parceria com com o Ibope e o Instituto Paulo Montenegro, com a finalidade de identificar as percepções e práticas da sociedade brasileira com relação ao desenvolvimento integral da criança pequena, muitos pais não veem o ato de brincar como algo fundamental ao desenvolvimento infantil. Eles consideram que levar ao médico, vacinar e alimentar a criança, são fatores mais importantes, e pensam que ela brinca apenas para se divertir e passar o tempo.
Ao se preocuparem com o desenvolvimento físico de seus filhos, os pais não estão errados, porém, o que muitos desconhecem é que as capacidades físicas estão intimamente ligadas às capacidades mentais e psicossociais , as quais estimulam umas às outras durante toda a vida. Nesse post você compreenderá porque desenvolver todas essas capacidades é essencial para que a criança cresça saudável em todos os aspectos.
Brincadeiras desenvolvem a imaginação e a criatividade infantil

Os bebês nascem com bilhões de neurônios que precisam se conectar. Essas conexões são conhecidas como sinapses. Quanto mais a criança brinca, mais conexões ela tem e maior será a sua capacidade cognitiva, ou seja, seu cérebro terá mais habilidades para compreender o mundo à sua volta e isso fará com que ela saiba interagir e tomar decisões em relação a ele. Esta capacidade, conhecida como plasticidade cerebral, é muito importante ao longo da nossa vida, porém é mais facilmente desenvolvida na infância, quando temos mais facilidade de aprender coisas novas. Para aprender um pouco mais sobre esse assunto, assista o vídeo abaixo.
A criança não faz ideia que quando se diverte está desenvolvendo o corpo, a mente e as emoções, enfim está aprendendo a viver. Para ela, é uma atividade natural que surge a qualquer momento e faz com que se sinta livre, vivenciando um misto de empolgação e alegria. Deste modo, é através de atividades divertidas, que comumente chamamos de lúdicas, que as crianças descobrem o mundo e passam a entender seu papel no meio social em que vivem, como a família, a escola, a igreja. Elas exploram possibilidades quando inventam suas brincadeiras, brinquedos e formas de brincar. Às vezes pensamos que elas estão “apenas brincando”, mas, sempre algo está sendo despertado, gerando aprendizados que as acompanharão pela vida inteira.
Mas, as crianças não brincam mais
Em vista da importância do brincar para o desenvolvimento infantil, pediatras, psicólogos e profissionais da educação, não têm medido esforços para trazer esse tema à reflexão em vários ambientes sociais como escolas, igrejas e associações. Eles também estão preocupados porque meninos e meninas não brincam mais. Isso está relacionado a vários fatores do contexto social e que resultam de nossa vida essencialmente urbana. Hoje, os pais não permitem que seus filhos brinquem na rua como antigamente. A família vive confinada, com medo e insegurança decorrentes da violência. Além disso, existe a questão da falta de espaço físico adequado e de tempo dos pais que estão sobrecarregados com o trabalho.

Esses fatores têm sido agravados pela quarentena imposta devido ao coronavírus, levando a mais confinamento e a menos oportunidades de lazer para a família, o que faz com que as crianças sofram efeitos negativos na sua saúde física e mental, além de passarem grande parte do tempo em aparelhos eletrônicos, que não possibilitam a troca de experiências não favorecem a expressão dos sentimentos.
Fica a dica: jogar no tablet ou no celular não é brincadeira!
O brincar equivale ao trabalhar? Fala sério!
Parece difícil de acreditar, pois quando nos tornamos adultos queremos voltar a ser crianças. A verdade é que, quando a criança desenvolve várias habilidades brincando, ela está se preparando para os desafios da vida. O documento do Ministério da Educação e do Desporto (1998, p.27), destaca que ao brincar, a criança se apropria de elementos da realidade, dando a eles novos significados no plano da imaginação. Também explica que ela imita as pessoas com quem mais convive. Por exemplo, uma criança que é cuidada pelo pai no seu dia-a-dia, vai querer desempenhar o papel de pai na brincadeira e imitar as ações dele, acrescentando atitudes que ela imagina serem apropriadas.

Outro aspecto que é bastante comum nas brincadeiras de crianças é o faz-de-conta. Nós podemos perceber facilmente a satisfação e o empenho delas ao imitarem os adultos em suas profissões. Segundo a especialista Fernanda Furia – Mestre em psicologia de crianças e adolescentes, “ao brincar, a criança escolhe a brincadeira, negocia com os amigos, toma decisões, cria regras, expõe sentimentos e emoções, como um ensaio para a vida adulta”. Essas situações são bem parecidas com as que os adultos vivenciam ao trabalhar.

Assim como os adultos aumentam o seu repertório mental trabalhando, os pequenos ampliam a capacidade cognitiva quando brincam, e desenvolvem todo o sistema neurológico, principalmente a imaginação e a criatividade, as quais promovem a capacidade e a potencialidade de desenvolverem novos caminhos a serem percorridos, inclusive na vida adulta.
Você já percebeu? Crianças se desafiam a todo o momento, inclusive resolvem questões reais de forma lúdica, utilizando o imaginário! Então, procure observá-las brincando, você poderá se surpreender ao aprender com elas e, quem sabe, elas tenham a solução para algum problema que lhe incomoda!
Alerta! A falta do brincar aumenta o risco de transtornos emocionais em crianças

Psicólogos americanos realizaram um estudo no qual perceberam uma relação entre o aumento de transtornos emocionais na infância com a diminuição do tempo de brincar. Eles destacam a necessidade que meninos e meninas têm de brincar livremente, e isso não quer dizer sem supervisão de adultos, mas simplesmente terem autonomia para, junto com seus amigos, criarem suas próprias regras, sem imposições.
As crianças gostam de ter liberdade ao interagir, afinal, encontrar os amigos e correr na areia, jogar bola, subir em árvores, construir cabanas, são experiências importantes que permitem vários aprendizados, como:

se relacionar;
ter conhecimento de regras;
aprender a ganhar e a perder;
saber o que são valores;
avaliar comportamentos;
desenvolver a empatia, a solidariedade;
compreender seus sentimentos;
aprender sobre a vida;
adquirir autoconfiança.
Tendo esse tipo de vivência, as crianças serão mais felizes e capazes.
“Privar uma criança de brincar é privá-la do prazer de viver”
Françoise Dolto
O que você pode fazer para promover o brincar?

Durante a brincadeira em que há interação, os pais são os primeiros parceiros das crianças. Sendo assim, mesmo após a interação delas com outros familiares e amigos, eles continuam sendo de extrema importância para o seu desenvolvimento. Acompanhe o nosso blog e fique de olho no próximo artigo, no qual falaremos sobre "como os pais podem promover melhores oportunidades para seus filhos brincarem".
Enquanto isso, abrace a nossa causa! Apesar do contexto social desfavorável e do desconhecimento acerca da sua importância, precisamos encontrar meios de promover momentos de diversão para as crianças. Essa deve ser uma premissa para pais, profissionais e instituições.
A Asped, visa o desenvolvimento humano das pessoas e está atenta às necessidades das crianças procurando supri-las através de seus Projetos. Portanto, para incentivar o brincar, a associação lançou uma campanha de arrecadação de brinquedos que serão doados no mês das crianças. A meta é alcançar 1.000 crianças. Para saber como contribuir, assista o nosso Vídeo promocional Doe Brinquedos - Asped.
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